Maha significa grande, maior.
Shiva é Mahadeva, Shankara, a Absoluta Consciência (Deus) que se personifica,
assumindo diferentes humores. Ratri é noite. Portanto, o Mahashivaratri é a “Grande
Noite de Shiva”.
Ele acontece anualmente no 14º
dia da fase escura do ciclo lunar (no Krishna Paksha), ou seja, um dia antes da
lua nova. No entanto, o festival se dá mais especificamente no mês de Magha,
para os que seguem o calendário Amavasya – que considera a lua nova como início
do ciclo lunar. Enquanto para os que seguem o calendário Purnimanta – que consideram
que o ciclo lunar começa na lua cheia -, o festival se dá no mês de Phalguna.
Na verdade, todo 14º dia da
fase escura do ciclo lunar mensal marca a ocorrência de um Masik Shivaratri. Só
que, no mês de Magha e/ou no mês de Phalguna (dependendo do calendário que se
siga), ocorre o Mahashivaratri.
Trata-se de um momento em que
se deve meditar em Shiva ao longo de um período situado entre o início e o fim
de tal 14º dia (o Chaturdashi). O horário exato do início e do fim é calculado,
como no panchang.
Dentro do período, usualmente, os templos fazem quatro processos completos de
adoração a Shiva (nas faixas de horário de Prahar Puja).
É importante jejuar por
completo entre o início e o fim do Chaturdashi Tithi, meditando em Shiva,
servindo no Templo e lendo ou escutando as lilas (passatempos) ou ensinamentos
dEle.
Busca-se pelas bençãos de Mahadeva,
preferencialmente por liberdade espiritual dos emaranhados das teias cármicas e/ou
por avanço em consciência transcendental. Deve-se desejar intensamente pelo
conhecimento que nos aproxima mais dEle e pela pureza da intenção de servi-Lo e
agradá-Lo através do amor.
O Mahashivaratri celebra
também o casamento de Shiva Parvati e, portanto, a unidade perfeita entre forma
e consciência, matéria e espírito. Afinal:
Shankara
de cabelos avermelhados como o fogo e Parvati de pele de cor acastanhada escura
se adoram mutuamente. A adoração é intensa e a relação é extática, fazendo com
que o mundo tanto desapareça por completo quando esteja ele todo ali presente
como parte de tal completa unidade. Shiva é a alma, enquanto Parvati é o corpo.
Ele é a consciência, enquanto Ela é a forma que a mesma consciência desenha
para si. Shiva é a luz e Parvati é a escuridão que a claridade da luz ilumina.
Ele é o pensamento e Ela é a atitude que resulta do pensar. Eles se
complementam e Sua complementaridade se faz evidenciar nos Seus primeiros
momentos de intimidade após Seu casamento[i].
É
importante buscar pela consciência de tal unidade tântrica e ao mesmo tempo de
reciprocidade entre pessoas que se amam com perfeição. Assim é a relação que se
deseja cultivar com a Pessoa de Deus (com Shiva). O Mahashivaratri abre espaço
para que possamos sintonizar com as qualidades de Shankara e com Seu jeito de
nos acomodar em um lugar único que nos pertence em Seu coração.