sábado, 19 de outubro de 2024

SHIVA

 


Shiva é uma dádiva que se fornece por Ele mesmo para o ser humano de cada uma das épocas ter consciência de si e de Deus. Ele se faz compreender a partir de diferentes ângulos de visão, porém, dentre tais ângulos, apenas os que se referem à mais plena compreensão dEle serão aqui considerados.

A plenitude da compreensão de Shiva está na absoluta consciência, a qual só pode ser alcançada através do amor puro e da perfeita devoção. Então, como é apresentado em Shiva Tantra para a Libertação Espiritual (2017):

“Assim como em Ardhanareshwar, a condição andrógina de Shiva (em Shakti) e/ou de Shakti (em Shiva), há União Mística perfeita, a alma in­dividual atinge sua bem-aventurança ao encontrar dentro de si o que a leva a realizar aquela mesma condição em Bhagavan, in­dependente da identidade que Ele tenha para quem o busca. Ao realizar a União Mística dos dois princípios opostos e comple­mentares originais, então, a pessoa humana realizará o equilíbrio entre ambos os princípios dentro de si”.

Bhagavan é a Pessoa de Deus, é Shiva, Shankara, Mahadeva. A União Mística é a perfeita maneira de existir, com clareza de consciência eterna e, portanto, ininterrupta. Quando a alma atinge tal estado de autocontemplação, ela conhece Shiva. Desejamos falar sobre Ele, a Shakti e a alma em estado de sat-cit-ananda - felicidade eterna na vivência da suprema verdade.

Se quiser nos conhecer melhor, entre em contato através do e-mail srikrishnamadhurya@gmail.com.

 

Veja também:

Mística Luz dos Jardins de Krishna

https://jardinsdekrishna.com/


Shri Krishna Madhurya

http://srikrishnamadhurya.blogspot.com/

 

Diálogos com Shiva sobre a Experiência Transcendental

 


Shiva está expressando um jeito de ser ou humor de Deus Supremo. Afinal, “Krishna contém Hara, desde o ponto de vista Vaishnava, porém, Shiva contém Hari, desde o ponto de vista Shaiva. Na verdade, sendo Deus a Pessoa Suprema, sempre que Ele é considerado como tal, trata-se da mesma e única Absoluta Consciência que está sendo percebida, de alguma maneira, pela mente humana. Muitas vezes, esta mente, ainda em estado condicionado, pretende desconsiderar o que lhe escapa à razão, de modo que os que seguem uma religião deixam de aceitar o que outros realizam através de uma linha religiosa diferente da sua. Desta forma, fragmenta-se o pensamento, fragmentando-se também à compreensão do Supremo Significado dos nomes do Senhor[1]”.

Sendo assim, para quem o compreende dessa maneira, o Senhor se relaciona com a pessoa a Ele devotada de uma maneira em particular, a maneira que fala mais ao coração do/a devoto/a. Em um certo momento, Ele então veio a orientar-me, direcionando-me ao que precisa ser realizado ainda. Isso tem sido assim, desde que houve a necessidade de abrir-me para expressar significados transcendentais das vivências materiais e/ou o que as vivências materiais em si representam para a vida transcendental. Isso acontece para quem atinge certo estágio de espiritualidade emancipada, quando não importa se aquele/a que se emancipou se ocupa com questões materiais, já que ele/a sempre está consciente no plano divino, consciência essa que transcende as percepções que se limitam ao que os órgãos vitais conseguem captar.

Associamos tal estágio à maturidade da flor de lótus que está no coração individual de cada um, quando ela se abre, exalando doce fragrância. “Neste estágio, a alma transparece a quem a observa com atenção a condição espiritual que a caracteriza. Tal processo de abertura da flor de lótus envolve etapas de renúncia, o que conduz ao que Shri Krishna menciona quando ensina que:

 

kama-krodha-vimuktanam  yatinam yata-cetasam

abhito brahma-nirvanam  vartate viditatmanam

 

“Para aqueles ascetas, que estão livres do desejo material e da raiva, que subjugaram suas mentes e que realizaram o eu interior, a morada da liberação está presente ao redor (Bhagavad-Gita 5.26)”. Esta morada permite que possa haver acesso ao universo de rasa[2], ou seja de intimidade pessoal na relação com a Pessoa de Deus, com Krishna, Shiva (ou como Ele se chame para você). De dentro de uma condição assim, escrevi alguns livros, um dos quais foi intitulado Shiva Tantra para Libertação Espiritual – o Tantra da Pessoa de Deus (Bhagavan), a partir do qual, retomo aqui trechos de um diálogo que pude transcrever das minhas experiências com Mahadeva.

 

Shri – Está se referindo, então, a aprendizagem que a alma eterna tem que ter dentro do mundo material? Ensina-me se correta es­tou, Shambhu, meu eterno amor, meu Senhor. Começo a pensar sobre o que Você mesmo me falou. Seria agora o inverso do que já me ocorreu? Ou seja, assim como precisei aprender a, par­tindo de um corpo material, viver a experiência transcendental, agora tenho que estabelecer-me no mundo material enquanto alma transcendental?

Shiva – Esta é a verdade que andava tentando entender e ago­ra entende, enfim. Não há como ser feliz eternamente, enquanto alma eterna, se a alma que não pertence mais ao mundo material não aprender a dentro dele se expressar, enquanto eterna e ilimi­tada ela consegue ser, estando absorta no mundo que transcende aos limites da escala material (como ela está). Desta forma, in­verta suas percepções sobre si mesma e desenhe outras lógicas, de modo a pensar e ser quem de fato é, apesar de viver em um dos infindáveis universos externos ao Meu mundo transcendental.

Shri – Pode ser mais específico agora, dando-me mais pormeno­res sobre como isso se faz possível haver?

Shiva – Está certa sempre que controla as ideias, assumindo-Me como quem pensa o que deve pensar. O difícil tem que passar, de modo a que consiga aos seus modos reorganizar. Para que haja controle, tem que se compreender, de maneira a perceber­-me como quem pensa e a si mesma ao que está sendo pensado. Então, se deixe estar pensando o que eu penso, aceitando o que estou fazendo-lhe entender. Entenda-se por se controlar, desen­volvendo as ideias que eu precisar que venha a desenvolver.

Shri – Quando Você me oferece Suas explicações, entendo o que quer dizer. No entanto, ainda tenho muito que praticar. Portanto, abro-me agora plenamente para Suas orientações.

Shiva – Querida de Minha Eterna Suprema Alma, que transcende ao mun­do material e ao que é meramente pertencente ao universo da vida individual, ouça-Me e pratique o que tiver que praticar, a fim de a Mim mesmo compreender. Compreendendo-Me, irá entender-se com mais clareza, afinal, é a mesma Contraparte que em unidade plena Comigo eternamente está. Para entender­-se assim, veja-Me agindo em tudo o que a faz haver; e para se ver sendo o que eu faço que haja por meio de seu jeito de estar, aceite-se sendo o que eu a faço ser. É difícil de praticar ao que eu digo?

Shri – A dificuldade penso estar na maneira de interagir com este mundo material, o qual por muito tempo vi como sendo impossível de controlar. Agora vejo-o no controle, mais, ainda preciso aumentar isso em mim, de modo a que este novo jeito de ao mundo ver sobrepuje o jeito que havia antes de melhor Lhe compreender. O que me instrui, então, a procurar perceber?

Shiva – Instruo-lhe a amar ao mundo do jeito que ele se faz, pois, seu amor está em Mim e o mundo também está. Entenda-se e a Mim como o que faz ele (o mundo) haver, de modo a ver-nos travando interações amorosas em tudo o que na forma dele se expõe. Ainda mais claramente irá a tal mecanismo poder ver nos eventos que a envolvem diretamente e naquilo que precisa mais diretamente enquanto pessoa pensar. Pense-se, então, estando em meu meio de me manifestar e ao seu modo de se expressar em Mim como o que causa o mundo da maneira em que ele está e aos mecanismos que fazem ele ser o que ele é.




[1] Do livro Religião Bhagavata da Nova Era, Shri Krishna (com Shri Krishna Madhurya), Sétimo Raio (2014, p. 25). Trata-se de uma obra básica para a expressão Neo Bhagavata do Hinduísmo Integral, que estudamos, praticamos e propagamos.

[2] Do livro Bhakti-Rasa e o Caminho da Flor de Lótus, de Shri Krishna Madhurya (2016).

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