Resumo do Livro ShivaTantra para Libertação Espiritual
Essa
parte do livro deixa claro que não tem como comparar a experiência sexual
material ao estado de beatitude absoluta (ananda), que há na unidade dos
princípios masculino e feminino, sendo esta, no entanto, a base da inspiração para
quem busca pelo sexo perfeito na linearidade. Tal união está muito além do que
possa ser alcançado pela mente humana, sendo inacessível para quem vive a experiência
cotidiana deste mundo sem ter consciência transcendental.
A
Suprema Pessoa, Shiva, inclusive diz: “(...). A sensação da perfeita
união transcendental só existe quando quem é efeito é também causa do que, por
pretender se unificar, enfim, através de duas partes, se fez perfeição. Só que
tal perfeição é possível apenas quando o que se une é igual e diferente ao
mesmo tempo, sendo que o que difere entre ambas as porções as torna idênticas
em sensação e mútuas em interação. (...).”
Assim
sendo, tal perfeição só é vivenciada em Shiva Shakti, isto é, na unidade do
aspecto masculino e feminino de Deus, em que, Mahadeva em sua Totalidade
vivencia a Totalidade de sua Shakti, Parvati. Dando-se trocas de sensações em
suas completudes, vistas e sentidas apenas por suas completas naturezas.
Sendo
a alma humana uma dimensão personificada do masculino e feminino, ela também
pode experimentar a mesma sensação de unidade com o todo-Brahman. Mas somente Shiva e Parvati, as Eternas Pessoas,
podem realizar através de suas recíprocas experimentações, o que a jiva
(alma individual corporificada) jamais pode fazer, exceto se ela constituir
conscientemente esse Todo integrado.
Então,
não há como comparar o prazer sexual corporal físico material e o prazer da reciprocidade
entre os princípios masculino e femininos, que se dá em Shiva Shakti, Radha
Krishna, Lakshmi Narayana, a menos que o prazer seja vivenciado a partir da
consciência do Eterno Casal. Só quem desconhece o verdadeiro significado vivenciado
em sat-cit-ananda se permite fazer tal comparação com o sexo meramente material,
do que aqui é ensinado, e que, somente pelo componente físico-corporal, não
pode ser alcançado.
E
é importante compreender que através do Tantra podemos nos aproximar mais da
refulgência de Deus (Brahman), e partindo da visão Neo-Bhagavata, da Pessoa
de Deus (Bhagavan). De modo que, através de tal estado de equilíbrio, a alma
humana pode atingir bem-aventurança quando encontra dentro de si os princípios
masculino e feminino, em União Mística. Ao realizar o equilíbrio dos princípios
masculino e feminino, ela experimenta enfim o amor puro por Ele (prema),
o que, na relação pessoal com a Pessoa Suprema, permite à alma experimentar um
dos maiores prazeres, o qual é impossível de ser comparado ao orgasmo corporal meramente
material.
Assim
sendo, apenas uma alma que corporifica a Eterna Consorte (uma encarnação dEla),
quando alcança a Pessoa de Deus (Shiva), vivencia o rito perfeito de
intercâmbio entre os aspectos masculino e feminino. Esse rito é a origem, meio
e fim da busca e do culto tântrico. Afinal, a alma da pessoa humana pode ter
vislumbres dessa relação de intimidade, dependendo de atingir um estado de
equilíbrio entre corpo, amor e devoção a Shiva Shakti.
Esse
amor verdadeiro precisa ser cultivado através do conhecimento sagrado, o qual
liberta do desejo meramente carnal pelo gênero oposto (ou por pessoas do mesmo sexo).
Sendo assim, para quem prefere acreditar que a sexualidade é um caminho para a
elevação espiritual, compreenda-se que na verdade ela é um reflexo do que se
pode adquirir através do contato íntimo com a consciência de Shiva Shakti. Mas,
esse é um tipo de experiência que, na Era de Kali Yuga, não está acessível para
a mente linear condicionada do momento.
Assim,
o Senhor Shiva coloca: “Não se quer dizer com isso que não exista a
possibilidade de uma alma realizar a União Mística que se expressa através do
que o mundo linear entende como sendo o ápice do prazer atingido entre duas
pessoas, mas, fazer-lhes compreender que a condição humana só se torna passível
de atingir tal experiência quando alcança Minha Unidade enquanto Pessoa em
Consciência (e/ou atitude) do Onisciente que em tudo está. (...).”
Sendo
assim, o Tantra é um caminho a ser guiado tanto pelos sentidos físicos como através
das percepções espirituais, sendo voltado à mais elevada espiritualidade, a ser
alcançada por meio de autorrealização. Quando ênfase é dada aos caminhos
tântricos que acontecem através dos sentidos físicos, pode haver reeducação
sensorial e a superação das forças primitivas corporais, que levam o ser humano
a buscar por prazer meramente carnal. Quando o Tantra é voltado à
espiritualidade profunda, ele conduz à libertação das teias da materialidade e
ao avanço espiritual. Ambos se complementam, por coexistirem na vivência plena
e perfeita do Supremo Casal (Shiva Shakti).
Perguntas/Respostas
Diálogo Entre Prema
Sakhi e Guru Ma Shri
1-Sempre
houve essa comparação do Tantra puramente espiritual com a experiência sexual
material? A Senhora poderia dizer como essa comparação, digamos assim, teve
início?
Essa
comparação é natural que aconteça quando a alma humana se percebe como
espiritual e, ao mesmo tempo, entidade corporal. Isso porque, conforme
explicado no texto acima, ambas as experiências são complementares no Todo
integrado, que Shiva Shakti é. No entanto, com o aparecimento da alma
individual corporificada (jiva) no mundo material, em meio às teias de maya
(ilusão), há a tendência dela se perder da experiência mais plena espiritual,
buscando por prazer apenas através dos sentidos físicos. Sendo assim, essa
comparação se torna existente a partir do momento em que, vivenciando a
existência mundana, a jiva retoma aspectos de sua consciência espiritual
original, sendo inspirada pela perfeita União Mística do Supremo Casal. Pode-se
dizer que esse tipo de comparação é para sempre existente nos ciclos de Eras,
os quais contém o aparecimento das almas corporificadas, causando separação
aparente delas para com sua Fonte eterna, o que, por sua vez, as estimula a
desejar voltar à experiência do Todo integrado.
2-Sendo
assim, a Senhora poderia esclarecer mais ao que o Senhor Shiva descreve da
seguinte maneira:
“A
sensação da perfeita união transcendental só existe quando quem é efeito é também
causa do que, por pretender se unificar, enfim, através de duas partes, se fez
perfeição.”
Isso
significa que a perfeita união transcendental só existe no âmbito da
Consciência de Shiva Shakti, que é causa e efeito, ao mesmo tempo, do desejo de
se relacionar enquanto Supremo Casal.
5-É
muito difícil para a mente humana alcançar essa completude, então a Senhora
poderia descrever um pouco o que seria essa sensação de completude na unidade
de Shiva Shakti?
Não
tem como descrever em palavras lineares sensações que estão além das
possibilidades da mente humana. Por esse motivo, como eu poderia descrever por
meio de um texto escrito para a mente linear o que somente vivencio a partir da
União Mística? O que posso assegurar é que se trata de uma sensação eterna,
reconhecível como a única possibilidade de se viver com felicidade verdadeira (sat-cit-ananda),
para quem a experimenta. Ela é a vida e seu significado, o porquê da existência
e o destino dela.
6-E
sobre a “sensação da unidade com o Todo, Brahman” que a alma humana pode ter. Como
chegar a essa experiência, ou seja, encontrar dentro de si esta condição em
Bhagavan, a Senhora poderia esclarecer mais sobre esse assunto?
Existem
diferentes escolas e/ou vertentes filosóficas religiosas que ensinam o buscador
a chegar a essa experiência. No sistema Neo Bhagavata, que eu ensino, existem
Quatro Pilares, os quais precisam ser trabalhados de maneira integrada. O Shiva
Tantra da Pessoa de Deus é um deles, sendo os demais: a Religião Bhagavata da
Nova Era, o Caminho da Flor de Lótus e a Escola Mìstico Religiosa da Ordem de
Zadkiel. O(A) devoto(a) precisa aprender/praticar o Caminho da Flor de Lótus,
sob orientação da Mestra Espiritual (Guru Ma Shri), procurando eliminar as
imperfeições do ego e praticar hábitos mais condizentes com padrões superiores
da consciência. Será dessa forma que ele/a pode ir localizando dentro de si tal
condição existencial (na União Mística transcendental).
7-Para
realizar o equilíbrio dentro de si, da União Mística dos dois princípios, pode
ocorrer com qualquer alma que busca através do Tantra sua elevação espiritual? A
elevação, a transcendentalização, é sempre por meio da Eterna Consorte do
Senhor? A Senhora poderia esclarecer mais sobre esse rito?
Não
vejo a União Mística como algo que possa ocorrer com qualquer alma que busca
através do Tantra por elevação espiritual. Algumas não conseguem alcançar o que
buscam, mesmo após inúmeras vidas sucessivas tentando. Mas, a elevação, através
da transcendentalização da existência, por meio do Tantra, só pode acontecer através
da elevação da vibração da Kundalini individual até o ápice dela, onde
ela consegue se perceber na diversidade e, ao mesmo tempo, na unidade com a
Shakti Divina (Parvati), sem perder sua identidade específica na mesma relação,
apesar de vivenciar a unidade com Deus (e com a Deusa). Ou seja, quando a busca
pela experiência transcendental se dá por caminhos tântricos, sim, é preciso
autorrealizar-se por meio de sua própria união mística interior (no seu
masculino/feminino específico), realizando o significado prático da União
Mística em Shiva Shakti (Masculino/Feminino Absoluto). Nesse caso, sempre
haverá o rito da ascensão espiritual do aspecto feminino da alma individual até
o ponto onde ela se relaciona com a Pessoa Eterna da Shakti, quem, por Sua vez,
existe para sempre no Todo integrado com Shaktiman (Shiva).
8-E
finalmente, com essas palavras do Senhor Shiva “Se não há, portanto, o que
dentro de si manipular para a Mim mesmo alcançar, certamente não haverá a
potencialidade de, ao que é meramente humano, poder completamente
transcendentalizar.” O que a Senhora deixaria registrado aqui em torno do
quanto o Tantra pode contribuir à transcendência dos sentidos e aos caminhos que
conduzem à alta espiritualidade?
Shiva
quer dizer com essa frase que, sem a consciência interior, não há como
alcançá-Lo, pois, Tantra é acima de tudo um processo de autorrealização
que parte da transcendência dos sentidos para que se possam atingir patamares
mais elevados de espiritualidade. Quando tocamos o mundo material, estando
conscientes de nosso Ser Divino interior, os sentidos materiais se
espiritualizam, de modo que a vida cotidiana em si se transforma em um ato
tântrico. Mas, sem tal consciência, não existe a possibilidade de atingir o
ápice da experiência que o Tantra ensina, ou seja, é impossível, através do
sexo carnal, viver a União Mística do Supremo Casal, sem que exista unidade do
ser individual no Todo integrado que Shiva Shakti é.